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terça-feira, 26 de novembro de 2013

A Renovação


A águia é a ave que possui a maior longevidade da espécie. Chega a viver cerca de 70 anos. Porém, para chegar a essa idade, aos 40 anos, ela precisa tomar uma séria e difícil decisão. 
Aos 40 anos, suas unhas estão compridas e flexíveis e já não conseguem mais agarrar as presas, das quais se alimenta. O bico, alongado e pontiagudo, se curva. Apontando contra o peito, estão as asas, envelhecidas e pesadas, em função da grossura das penas, e, voar, aos 40 anos, já é bem difícil! 

Nessa situação a águia só tem duas alternativas: deixar-se morrer... ou enfrentar um dolorido processo de renovação que irá durar 150 dias. 

Esse processo consiste em voar para o alto de uma montanha e lá recolher-se, em um ninho que esteja próximo a um paredão.Um lugar de onde, para retornar, ela necessite dar um voo firme e pleno.Ao encontrar esse lugar, a águia começa a bater o bico contra a parede até conseguir arrancá-lo, enfrentando, corajosamente, a dor que essa atitude acarreta. Espera nascer um novo bico, com o qual irá arrancar as suas velhas unhas.Com as novas unhas ela passa a arrancar as velhas penas. E só após cinco meses, "renascida", sai para o famoso voo de renovação, para viver, então, por mais 30 anos.

Muitas vezes, em nossas vidas, temos que nos resguardar, por algum tempo, e começar um processo de renovação. Devemos nos desprender das (más) lembranças, (maus) costumes, e, outras situações que nos causam dissabores, para que continuemos a voar. 

Um voo de vitória. 

Somente quando livres do peso do passado (pesado), poderemos aproveitar o resultado valioso que uma renovação sempre traz. 

Destrua, pois, o bico do ressentimento, arranque as unhas do medo, retire as penas das suas asas dos maus pensamentos e alce um lindo voo para uma nova vida. 

Um voo de vida nova e feliz.

terça-feira, 19 de novembro de 2013

COISAS QUE A VIDA NOS ENSINA DEPOIS DOS 40

Amor não se implora, não se pede, não se espera... viu Ike?

Amor se vive, ou não.

Ciúme é um sentimento inútil. Não torna ninguém fiel a ti.

Animais são anjos disfarçados, mandados à Terra por Deus para mostrar ao homem o que é fidelidade.

Crianças aprendem com aquilo que tu faz, não com o que tu diz.

As pessoas que falam dos outros para ti, vão falar de ti para os outros.

Perdoar e esquecer nos torna mais jovens.

Água é um santo remédio.

Deus inventou o choro para o homem não explodir.

Ausência de regras é uma regra que depende do bom senso.

Não existe comida ruim, existe comida mal temperada.

A criatividade caminha junto com a falta de grana.

Ser autêntico é a melhor e única forma de agradar.

Amigos de verdade nunca te abandonam.

O carinho é a melhor arma contra o ódio.

As diferenças tornam a vida mais bonita e colorida.

Há poesia em toda a criação divina.

Deus é o maior poeta de todos os tempos.

A música é a sobremesa da vida.

Acreditar não faz de ninguém um tolo. 
Tolo é quem mente.

Filhos são presentes raros.

De tudo, o que fica é o seu nome e as lembranças acerca de suas ações.

Obrigado, desculpa, por favor são palavras mágicas, chaves que abrem portas para uma vida melhor.

O amor... Ah, o amor!...

O amor quebra barreiras, une facções, destrói preconceitos, cura doenças...

Não há vida decente sem amor!

E é certo, quem ama, é muito amado.

E vive a vida mais alegremente...
Artur da Távola
Advogado, jornalista, professor, 
escritor, político (1936 - 2008)

segunda-feira, 18 de novembro de 2013

Putz!!! Este Cara Sou Eu!!!

Nunca me identifiquei tanto com uma crônica, como esta abaixo:
Arte de Miró

Jamais soube receber presentes. Ou ser amado.

Sim, sou incompetente. Sou um fracasso para acolher afeto. Eu me antecipo para não precisar encarar minha timidez de ser amado. Eu prefiro amar do que ser amado. Posso ser perfeito para planejar surpresas e ser romântico e adivinhar desejos de minha mulher. Mas receber carinho me põe em desespero. Terei que agradecer, como? Terei que agradecer e superar o que me foi dado. Entro numa competição diabólica, numa disputa de vaidades. Para não contrair dívidas amorosas, para não ficar atrás. Não há problema em assumir o papel de credor, sofro horrivelmente na figura de devedor. 

No fundo, acho que não mereço ser amado. E amo o dobro ou o triplo para provar minha tese. Para que o próximo diga: chega!, e se afaste. 

A única festa de aniversário que ganhei em minha infância, nenhum convidado foi. Pedi para a mãe congelar a torta para o próximo ano. Jamais me recuperei do trauma. De ver as cadeiras vazias em torno da mesa repleta de brigadeiros, branquinhos e salgados, preparados ao longo de duas semanas. 

Nada como um trauma para reservar uma mesa no inferno. Não me permitia ser feliz em nenhum aniversário. Sempre boicotava, conspirava, maltratava quem tentava me alegrar. Queria passar a vida inteira tirando proveito do remorso, tirando lucro do coitadismo. A cena da infância vazia e abandonada formava uma fortuna imbatível. Não ser amado é um luxo, é uma maneira de dizer que ninguém presta, que ninguém consegue me contentar, que tenho o direito (e o dever) de ser ranzinza e não respeitar a felicidade alheia. 

Descobri que era um desamador. Até o sábado de meu aniversário de 41 anos. Quando minha mulher Katy preparou uma festa surpresa sem que imaginasse qualquer detalhe e sinal. Cheguei em casa do trabalho e lá estava mais de 40 pessoas gritando, corneteando, aplaudindo no escuro assim que abri a porta. Fui arremessado numa piscina de bolinhas posta dentro do apartamento. Recebi banho de champanhe, de espuma. Havia painéis e balões temáticos do Wolverine, meu heroi predileto. O bolo não durou nem uma hora. Circulei pela festa como se fosse o enterro da mágoa, a cremação das serpentinas. Estava recebendo amor de todos. Ainda encabulado. Ainda assustado. Ainda desconfiado. Mas recebia. Fui recebendo. Fui aprendendo a receber, desajeitado e finalmente espontâneo. A cada conversa, a cada beijo na boca da esposa, a cada brincadeira. 

Vi que o trauma da alegria é maior do que o trauma da tristeza. Muito mais inesquecível. Agora posso emprestar meu nascimento para os outros.

Publicado na Revista IstoÉ Gente
Fabrício Carpinejar
Novembro/2013 
Ano 13 Nº 703

quarta-feira, 6 de novembro de 2013

Como usar ‘eu te amo’ até na hora errada


Tem o tipo contido, frio(a) que só gelo baiano na madruga de São Paulo. O sujeito ou a desalmada que mesmo que ame, segura o diabo do “eu te amo” até o túmulo. Para esse tipo, como li em um conto de “A vida como ela é”, só chegando mesmo com uma navalha na jugular. Não tem jeito. Nem na hora da morte.

Quero me dirigir, porém, ao avesso dessa gente siberiosa.

Amigo(a), se você é do tipo que diz “eu te amo” de uma forma, digamos assim, precoce e irresponsável, na afoiteza das primeiras e belas noites na alcova, como já tanto o fez este pusilânime cronista, prepare o seu coração pras coisas que eu vou contar, digo, “se liga”, como verbalizam os avexados mancebos da hora.

Se a gazela for safa, sábia, mal algum há em tal pronúncia, até apreciará o empolgante anúncio como uma poesia de fundo, como se uma música de Sérge Gainsbourg – Je t’aime moi non plus - estivesse tocando no quarto de motel barato àquela altura.

Pensará a moça, bem baixinho, “que doce vagabundo”. Terá sido apenas um pequeno crime, como
num bolero, um “besame mucho”, um cha-cha-cha num Caribe imaginário, cortinas ao vento, lua caliente lá fora, barulho de caminhões no asfalto.

Sim, a gazela pode entender como um “eu te amo mesmo, de verdade, verdadeira, assim como Deus sobre todas as coisas”.

Que mal há nisso?

Quantos amores à vera começaram com um “eu te amo” de brincadeira?

Nesses tempos de amores líquidos, de amores ficantes, de amores-vinhetas de 15 segundos, quem saberá o que venha a ser o amor patenteado pelos deuses incas ou gregos?!

O melhor mesmo é dizer, sem medo, eu te amo, e honrá-lo pelo menos enquanto o sublime eco resistir entre aquelas abençoadas quatro paredes.

E se ela acreditar, ora, ora, manda um “eu te amo, meeeesssmmmoooo”.

Com olhinhos revirados, vamos mais fundo ainda: “Eu te amo até o fim dos tempos”.

Se ela não tá nem aí, você se vira para o piano e ordena, como no filme Casablanca, mesmo que estejam atravessando a avenida Afonso Penna em Belo Horizonte, seis horas da tarde, buzinaço, hora do ângelus: “play it again, Sam!”

E manda mais “eu te amo”, como um estribilho do vento, nas oiças da desalmada, até ela acostumar com a natureza humana do macho que veio ao mundo com um cowboy solitário que tem apenas um mantra, uma bala no coldre dos sentimentos: “eu te amo, porra”.

Monocórdico sr. das sombras cujo cardiograma é um terremoto de “eu te amos”, como um sismógrafo nervoso a riscar o mostrador da maquininha que mede os tremores demasiadamente humanos de todos os cardiologistas particulares.

Antes um “serial lover” a dizer eu te amo como um cuco desembestado a um elíptico e silencioso cabra safado que guarda os “eu te amo” para a hora do chifre - uma vez largado o vagabundo dispara “eu te amo” como em um descontrolado soluço.

Donde baixa um Esopo fabulador para deixar a moral da crônica: mais vale um “eu te amo” que entre por um ouvido e saia pelo outro do que um silêncio mortal de um homem que nunca se empolga e deixa a gazela achando que “eu te amo” é coisa só de novela e de filme americano.

Não acha? Ou você é do tipo frio que narrei lá na cumeeira da crônica? Como diz uma amiga lindamente desbocada: tem cool de legal, ok etc, e tem cool de cu é rola, o cool no sentido dessa gente siberiosamente perigosa.

P.S. Se alguém souber a autoria dessa ilustração do post, grite, por favor. Não consegui descobrir para creditá-la. Gracias, amiga  Karina Vieira, recifense que torna NY mais elegante, pela imagem.


Xico Sá é escritor e jornalista, colunista da Folha
Crônica a ser publicada na Folha de São Paulo - 06/11/2013

terça-feira, 5 de novembro de 2013

Não Existe Dia Ruim - F. Carpinejar


Arte de Fatturi

Não existe dia ruim. Sempre há chance do dia ser feliz. Mesmo que seja tarde. Mesmo que seja de madrugada. Uma gentileza salva o dia. Um bife milanesa salva o dia. Uma gola branca e engomada salva o dia. Uma emoção involuntária salva o dia.

Nunca o dia está inteiramente perdido. Não devemos acreditar que uma tristeza chama a outra, que se algo acontece de errado tudo então vai dar errado. Lei de Murphy não foi aprovada pela Câmara dos Deputados.

Confio no improviso, na casualidade, no movimento das cortinas na janela.

Até o último minuto antes da meia-noite, você pode resgatar o contentamento. É uma gargalhada do filho diante da papinha, transformando a cadeira num imenso prato. É algum amigo telefonando para confessar saudade. É sua mulher procurando beijar a orelha mandando sinais de seu desejo. É o barulho da chuva na calha, é o estardalhaço do sol na varanda. É encontrar - iniciando na tevê - um filme que adora e já assistiu cinco vezes. É oferecer colo ao seu gato. É planejar uma viagem de férias. É terminar um livro que abandonou pela metade. É ouvir sua coleção de LPs da adolescência. É comprar uma calça jeans em promoção. É adormecer no sofá e receber a coberta silenciosa de sua companhia. É a possibilidade feminina de passar um batom e pintar as unhas. É possibilidade masculina de devolver a bola quando ela sobe a cerca num jogo de crianças

A felicidade é pobre. A felicidade precisa de apenas um abraço bem feito.

Sigo esperançoso. Não coleciono tragédias. Sofro e apago. Sofro e mudo de assunto, abro espaço para palavras novas, para lembranças novas.

Vejo o esforço da abelha tentando sair do vidro, e não sou melhor do que ela. Vejo o esforço da formiga carregando uma casca de laranja, e não sou melhor do que ela. Viver é esforço e nos traz a paz de sonhar – querer não fazer nada é que cansa.

Não existe dia que não ganhe conserto. Não existe dia morto, dia de todo inútil.

Não desista da alegria somente porque ela se atrasou. Pode ter recebido esporro do chefe, ainda assim a hora está aberta. Comer um picolé de limão é capaz de restituir sua infância.

Não encerre o expediente com o escuro do céu. Pode não ter grana para pagar as contas e ter que escolher o que é menos importante para adiar, ainda assim é possível se divertir com o cachorro carregando seu chinelo para o quarto.

Quando acordo com o pé esquerdo, sou canhoto. Não existe dia derrotado.

Fabrício Carpinejar
Nesse mês, eu completo 1 ano como colaboradora do blog “Sobre a Vida”. E estou aqui empenhada escrevendo um texto em comemoração ao encerramento desse ciclo (não, não vou parar de escrever lá). Como tudo o que acontece na minha vida, o assunto do texto, que me veio num sonho, está totalmente ligado à importância de se reconhecer o valor dos movimentos desses ciclos da vida. Com os seus começos e os seus fins. Os seus picos e os seus vales.
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Desse retrospecto que eu resolvi fazer pra lembrar de tudo o que eu já escrevi por lá, nasceu uma ideia. Assim, de repente, enquanto eu descansava um joelho lesionado, ela surgiu como num insight. E eu, que ando treinada em ouvir o que pede a minha alma, mais do que depressa, corri para o computador e transformei essa ideia, que tem tudo a ver com os meus sonhos, em meta. E acho que eu estou tão conectada comigo mesma, aprendi tanto com o meu processo de coach a agir, ao invés, de apenas desejar, e estou mandando tantas vibrações positivas para o Universo, que em poucas horas a meta se encorpou e tomou uma proporção gigantesca. Como ela ainda não está 100% definida, não vou conta-la agora. Mas adianto que todos vocês que me leem, que me apoiam e me incentivam, de alguma forma, são os responsáveis por essa transformação de uma ideia em algo tão bonito.
Em 24hs já aconteceram reuniões, intensas trocas de e-mails e meus neurônios já estão à todo vapor! Pessoas que eu amo e admiro muito estão super envolvidas e me ajudando a fazer a coisa toda acontecer! Enfim aguardem, que logo vem novidades por aí.
Então que, relendo todos os meus textos no “Sobre a Vida”, resolvi fazer um cronograma de todas minhas participações por lá pra compartilhar com vocês. Gosto muito de olhar para trás, para o meu passado, como forma de agradecer à ele pelo meu presente e pelas metas que estipulei para o meu futuro. Caso alguém tenha perdido alguma leitura, é só clicar em cima e ler…
Não consigo escolher o meu preferido, mas tenho um carinho especial pelos textos“Cada um no seu quadrado” e o “E se der medo? Vai com mesmo, mesmo”.
Daqui alguns dias vou viajar com a minha turma do Curso de Psicologia. Vou ver se consigo agendar alguns posts. Caso contrário, volto no final da semana que vem.
Bom final de semana!
beijos, Juliana Baron Pinheiro
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