Ganhe Bitcoins

terça-feira, 24 de dezembro de 2013

Papai??? E a Mamãe Noel???

Muito se tem falado sobre a origem e a história toda que envolve o Papai Noel.

Bispo Nicolau, São Nicolau, Santa Claus, Pai Natal, Papai Noel, Babbo Natale, etc. etc. etc.

Sabe-se que sua imagem consolidou-se como sendo a de um velhinho de barba branca, pessoa generosa, vestido de botas pretas e roupas vermelhas que habita no Polo Norte e se desloca em seu trenó puxado por Renas.

A pergunta que não quer calar:

E SE FOSSE UMA MULHER???

Aceitam sugestões???

Eu já as visualizei e segue uma imagem de algumas "Mamães Noel". Espero que gostem!!!

E viva o espírito natalino, ho! ho! ho! ou seria oh! oh! oh! ?????



Era uma vez... um Natal.


O negócio agora é esperar pelo Ano Novo,
pq o Natal já era.
Não se sintam culpado pelo fato do
Papai Noel não ter aparecido.
Os três porquinhos e o Papai Noel

Nem sempre a lógica funciona se não usada a razão....

Se o Papai Noel não aparecer nesse natal, não sintam-se culpados!!!

Dessa vez, não!!!

Hehehehehehe!!!!!!!!!!

quarta-feira, 18 de dezembro de 2013

Era Amor

Há oito meses amava. Hoje, busca vingança.
Você está apaixonada, sente que ele coloca a tal cor no mundo. Aí se perfuma, começa a andar mais arrumada, busca assuntos interessantes e procura estar no melhor humor. Manda aquela indireta. Comenta com a melhor amiga, sonha, acorda, sonha de novo. Acorda. Pede conselhos e manda aquela bem direta mesmo.
Ps: na obsessão pela conquista, nos transformamos em função de alguém, mas essas transformações são temporárias, cedo ou tarde a máscara rompe; conseguimos atuar por algum tempo, mas nada que a convivência não revele.
Voltando: (in)felizmente, recebe uma resposta negativa e todo aquele verdadeiro amor, planos, sonhos e beijos quentes na beira da praia se transformam em “não quero nem ver aquele m... vou buscar alguém de valor”. (?) Mas até dizer não, ele(a) era de valor.
Neste caso, não havia amor coisa nenhuma, arrisco dizer que não havia sequer gostar, mas sim carência por estar só. Quando o objeto eleito recusa o pedestal preparado para ele na estante da sala, revela-se que no fundo não se queria aquela pessoa, mas sim alguém para amar, adorar, venerar e te servir; uma espécie de escravo emocional para suprir a carência. Egoísmo puro. O foco está na procura de alguém para ser feliz, ao invés de fazer feliz.
Este é um conceito simples, mas de muito significado. Quando o foco está no próprio umbigo e apenas na própria felicidade, o outro fica amarrado, sem poder agir em prol dos dois, pois para um deles não existem dois. A partir do momento em que o foco muda para fazer feliz, sutilmente passamos a prestar mais atenção no que temos a oferecer ao invés do que temos a receber. E se quiser oferecer coisas boas, precisará ter/ser coisas boas, pois não há como oferecer o que não se tem.
As exigências sobre o outro diminuem, libertando principalmente o que parou de exigir, pois conseguirá ter um encontro com outro ser humano sem ter que receber nada em troca para o encontro valer à pena. Numa situação oposta, ficamos com tão pouco a oferecer que nem nós nos suportamos, por isso a solidão se torna tão incômoda, por isso vamos atrás de alguém/algo que satisfaça essa angústia.
Mas se eu não suporto ficar a sós comigo mesmo, porque os outros deveriam?
Após a negativa, vem o rancor. Após o rancor, o desejo de se vingar. Houve esforço grande e “depois de tudo que eu fiz ele(a) me paga”, como se tudo o que você fez subitamente endividasse alguém. A vingança vai desde beijar qualquer um só para causar ciúmes até o absurdo de publicar fotos íntimas, falar mal abertamente ou qualquer outra coisa com o potencial de humilhar, pisar, doer... entra-se em guerra com a pessoa amada, que de amada não tinha nada. Não. Não era amor.
E o que seria? Aponto para uma das cartas escritas por Paulo aos Coríntios, num dos trechos bíblicos mais famosos sobre o amor, são os versos seguintes aos que se tornaram música na voz de Renato Russo (citados ao lado de Camões), na canção Monte Castelo:
“O amor é paciente, é benigno; o amor não arde em ciúmes, não se ufana, não se ensoberbece, não se conduz inconvenientemente, não procura os seus interesses, não se exaspera, não se recente do mal; não se alegra com a injustiça, mas regozija-se com a verdade; tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta. O amor jamais acaba”. I Cor 13
Vê diferença?
Israel Kralco
Israel Kralco é um entusiasta da Psicologia e da Filosofia, formado em e-books e apaixonado por música a ponto de ser bacharel – Ufrgs. Trabalha no Centro Humanístico Vida onde mais aprende do que ensina, acreditando que quem faz o que ama está sempre de férias”
.

terça-feira, 3 de dezembro de 2013

Saudade a Dois - F. Carpinejar



A saudade tem prazo de validade.

Não pode permanecer muito tempo guardada. Não pode permanecer muito tempo não sendo correspondida.

Depois de aberta e fora do convívio, assim como o leite, a saudade azeda. E não há memória refrigerada para conservá-la.

Quando passa da hora, aquela falta ansiosa e comovente é capaz de se tornar ironia e sarcasmo.

O suspiro se transforma em ofensa - nos enxergaremos tolos e burros por confiar cegamente em alguém e esperar à toa. Reclamaremos nossa idiotice por termos feito uma vigília em vão, por termos esquecido de viver.

Já não queremos que o outro volte, já desejamos que ele nunca mais apareça em nossa frente. Violentaremos as lembranças, fecharemos a reza.

A ternura de antes será trocada pela raiva de não ter atendido. Mudaremos a personalidade de nossa conversa, de doce para ácida. Pois o segredo (a saudade é um segredo!) que nos alimentou durante meses não fora respeitado.

Infelizmente a saudade apodrece.

Quando deixamos de pedir a presença para cobrar a ausência. É sutil o movimento. Toda a atenção dedicada ao longo de um período começa a ser vista como desperdício. Não aconteceu retorno das juras, nem o estorno das expectativas.

Você mandou centenas de mensagens, renunciou saídas com amigos e bares, teve uma vida discreta e fiel, só para honrar uma despedida, e percebeu que, no fim, sempre esteve sozinho na saudade.


Saudade é como o amor. Perece quando não é a dois.

Aliás, quando a saudade não é a dois, deixa de ser saudade para se descobrir solidão.

A saudade é o que guardamos do amor para o futuro. É o que deixamos para amar no futuro.

Nada dói tanto quanto um amor que não vingou após os cuidados do plantio.

Nada dói tanto quanto a saudade que envelhece, uma saudade que definhou pela indiferença, que não foi valorizada pela nossa companhia, que não desembocou em festa.

Nada dói tanto quanto promessas feitas gerando ressentimento.

A saudade não é eterna. Acaba quando percebemos que o amor era da boca para fora, que a urgência era interesse, que a necessidade era falsa.

A saudade é uma esperança de amor. Precisa ser consumida rapidamente, não mais que três meses. Senão nos consome e nos estraga.


Publicado no jornal Zero Hora
Coluna semanal, p. 2, 03/12/2013
Porto Alegre (RS), Edição N° 17633

Amor, gambiarra e alta tecnologia - Xico Sá

Gataria do site Dark Roasted Blend

Você é fundamental como aquela caixa de fósforo sobre a agulha para tocar, aos domingos, meu avariado vinil de Neil Young… Aquele pesinho sobre o braço do toca-discos para ultrapassar ranhuras, deslizar sobre traumas e tocar de ouvido a música de trabalho do nosso futuro.

Você é necessária como esponja de aço na antena da tv em branco & preto para livrar dos chuviscos a imagem dos meus estragos.

“Hey, Neil, o homem velho”, reverbera o som do Cidadão Instigado sobre Copacabana. “Hey Neil, o homem velho.
Será que você tem tantas angústias quanto eu? Tchururu…”

Você é a solução moderna, hightech no último, para meus defeitos de fábrica.

Você brilha aos olhos como a maçãzinha de Steve Jobs sob o sol dos arrastões cariocas dos meus guris.

A minha existência-gambiarra, ato contínuo, vira moderna instalação embutida ao seu clique remoto.

Você amanheceu tão longe neste domingo que o sonho foi bem mais nítido e veio antes do skype. O sonho, não sei se já lhe disse, Zazie, são restos de filmes de cineastas mortos.

Meu obscuro objeto de desejo…

Você esperou o sol em um país distante com uma garrafa de vinho para flanar por nós dois.

Segue a viagem… Santo teletransporte cuja arte aprendi com os escribas Jerônymo Monteiro e Arthur C. Clarke.

Viver é gambiarra, meu bem, o pesinho sobre a agulha, o Bombril na antena, ah, o fio terra para isolar o choque possível.

Segue a viagem… O amor é um “gato” de fios desencapados  para retomar a eletricidade que um dia nos roubaram.

Xico Sá é escritor, jornalista e colunista da Folha

terça-feira, 26 de novembro de 2013

A Renovação


A águia é a ave que possui a maior longevidade da espécie. Chega a viver cerca de 70 anos. Porém, para chegar a essa idade, aos 40 anos, ela precisa tomar uma séria e difícil decisão. 
Aos 40 anos, suas unhas estão compridas e flexíveis e já não conseguem mais agarrar as presas, das quais se alimenta. O bico, alongado e pontiagudo, se curva. Apontando contra o peito, estão as asas, envelhecidas e pesadas, em função da grossura das penas, e, voar, aos 40 anos, já é bem difícil! 

Nessa situação a águia só tem duas alternativas: deixar-se morrer... ou enfrentar um dolorido processo de renovação que irá durar 150 dias. 

Esse processo consiste em voar para o alto de uma montanha e lá recolher-se, em um ninho que esteja próximo a um paredão.Um lugar de onde, para retornar, ela necessite dar um voo firme e pleno.Ao encontrar esse lugar, a águia começa a bater o bico contra a parede até conseguir arrancá-lo, enfrentando, corajosamente, a dor que essa atitude acarreta. Espera nascer um novo bico, com o qual irá arrancar as suas velhas unhas.Com as novas unhas ela passa a arrancar as velhas penas. E só após cinco meses, "renascida", sai para o famoso voo de renovação, para viver, então, por mais 30 anos.

Muitas vezes, em nossas vidas, temos que nos resguardar, por algum tempo, e começar um processo de renovação. Devemos nos desprender das (más) lembranças, (maus) costumes, e, outras situações que nos causam dissabores, para que continuemos a voar. 

Um voo de vitória. 

Somente quando livres do peso do passado (pesado), poderemos aproveitar o resultado valioso que uma renovação sempre traz. 

Destrua, pois, o bico do ressentimento, arranque as unhas do medo, retire as penas das suas asas dos maus pensamentos e alce um lindo voo para uma nova vida. 

Um voo de vida nova e feliz.

terça-feira, 19 de novembro de 2013

COISAS QUE A VIDA NOS ENSINA DEPOIS DOS 40

Amor não se implora, não se pede, não se espera... viu Ike?

Amor se vive, ou não.

Ciúme é um sentimento inútil. Não torna ninguém fiel a ti.

Animais são anjos disfarçados, mandados à Terra por Deus para mostrar ao homem o que é fidelidade.

Crianças aprendem com aquilo que tu faz, não com o que tu diz.

As pessoas que falam dos outros para ti, vão falar de ti para os outros.

Perdoar e esquecer nos torna mais jovens.

Água é um santo remédio.

Deus inventou o choro para o homem não explodir.

Ausência de regras é uma regra que depende do bom senso.

Não existe comida ruim, existe comida mal temperada.

A criatividade caminha junto com a falta de grana.

Ser autêntico é a melhor e única forma de agradar.

Amigos de verdade nunca te abandonam.

O carinho é a melhor arma contra o ódio.

As diferenças tornam a vida mais bonita e colorida.

Há poesia em toda a criação divina.

Deus é o maior poeta de todos os tempos.

A música é a sobremesa da vida.

Acreditar não faz de ninguém um tolo. 
Tolo é quem mente.

Filhos são presentes raros.

De tudo, o que fica é o seu nome e as lembranças acerca de suas ações.

Obrigado, desculpa, por favor são palavras mágicas, chaves que abrem portas para uma vida melhor.

O amor... Ah, o amor!...

O amor quebra barreiras, une facções, destrói preconceitos, cura doenças...

Não há vida decente sem amor!

E é certo, quem ama, é muito amado.

E vive a vida mais alegremente...
Artur da Távola
Advogado, jornalista, professor, 
escritor, político (1936 - 2008)

segunda-feira, 18 de novembro de 2013

Putz!!! Este Cara Sou Eu!!!

Nunca me identifiquei tanto com uma crônica, como esta abaixo:
Arte de Miró

Jamais soube receber presentes. Ou ser amado.

Sim, sou incompetente. Sou um fracasso para acolher afeto. Eu me antecipo para não precisar encarar minha timidez de ser amado. Eu prefiro amar do que ser amado. Posso ser perfeito para planejar surpresas e ser romântico e adivinhar desejos de minha mulher. Mas receber carinho me põe em desespero. Terei que agradecer, como? Terei que agradecer e superar o que me foi dado. Entro numa competição diabólica, numa disputa de vaidades. Para não contrair dívidas amorosas, para não ficar atrás. Não há problema em assumir o papel de credor, sofro horrivelmente na figura de devedor. 

No fundo, acho que não mereço ser amado. E amo o dobro ou o triplo para provar minha tese. Para que o próximo diga: chega!, e se afaste. 

A única festa de aniversário que ganhei em minha infância, nenhum convidado foi. Pedi para a mãe congelar a torta para o próximo ano. Jamais me recuperei do trauma. De ver as cadeiras vazias em torno da mesa repleta de brigadeiros, branquinhos e salgados, preparados ao longo de duas semanas. 

Nada como um trauma para reservar uma mesa no inferno. Não me permitia ser feliz em nenhum aniversário. Sempre boicotava, conspirava, maltratava quem tentava me alegrar. Queria passar a vida inteira tirando proveito do remorso, tirando lucro do coitadismo. A cena da infância vazia e abandonada formava uma fortuna imbatível. Não ser amado é um luxo, é uma maneira de dizer que ninguém presta, que ninguém consegue me contentar, que tenho o direito (e o dever) de ser ranzinza e não respeitar a felicidade alheia. 

Descobri que era um desamador. Até o sábado de meu aniversário de 41 anos. Quando minha mulher Katy preparou uma festa surpresa sem que imaginasse qualquer detalhe e sinal. Cheguei em casa do trabalho e lá estava mais de 40 pessoas gritando, corneteando, aplaudindo no escuro assim que abri a porta. Fui arremessado numa piscina de bolinhas posta dentro do apartamento. Recebi banho de champanhe, de espuma. Havia painéis e balões temáticos do Wolverine, meu heroi predileto. O bolo não durou nem uma hora. Circulei pela festa como se fosse o enterro da mágoa, a cremação das serpentinas. Estava recebendo amor de todos. Ainda encabulado. Ainda assustado. Ainda desconfiado. Mas recebia. Fui recebendo. Fui aprendendo a receber, desajeitado e finalmente espontâneo. A cada conversa, a cada beijo na boca da esposa, a cada brincadeira. 

Vi que o trauma da alegria é maior do que o trauma da tristeza. Muito mais inesquecível. Agora posso emprestar meu nascimento para os outros.

Publicado na Revista IstoÉ Gente
Fabrício Carpinejar
Novembro/2013 
Ano 13 Nº 703

quarta-feira, 6 de novembro de 2013

Como usar ‘eu te amo’ até na hora errada


Tem o tipo contido, frio(a) que só gelo baiano na madruga de São Paulo. O sujeito ou a desalmada que mesmo que ame, segura o diabo do “eu te amo” até o túmulo. Para esse tipo, como li em um conto de “A vida como ela é”, só chegando mesmo com uma navalha na jugular. Não tem jeito. Nem na hora da morte.

Quero me dirigir, porém, ao avesso dessa gente siberiosa.

Amigo(a), se você é do tipo que diz “eu te amo” de uma forma, digamos assim, precoce e irresponsável, na afoiteza das primeiras e belas noites na alcova, como já tanto o fez este pusilânime cronista, prepare o seu coração pras coisas que eu vou contar, digo, “se liga”, como verbalizam os avexados mancebos da hora.

Se a gazela for safa, sábia, mal algum há em tal pronúncia, até apreciará o empolgante anúncio como uma poesia de fundo, como se uma música de Sérge Gainsbourg – Je t’aime moi non plus - estivesse tocando no quarto de motel barato àquela altura.

Pensará a moça, bem baixinho, “que doce vagabundo”. Terá sido apenas um pequeno crime, como
num bolero, um “besame mucho”, um cha-cha-cha num Caribe imaginário, cortinas ao vento, lua caliente lá fora, barulho de caminhões no asfalto.

Sim, a gazela pode entender como um “eu te amo mesmo, de verdade, verdadeira, assim como Deus sobre todas as coisas”.

Que mal há nisso?

Quantos amores à vera começaram com um “eu te amo” de brincadeira?

Nesses tempos de amores líquidos, de amores ficantes, de amores-vinhetas de 15 segundos, quem saberá o que venha a ser o amor patenteado pelos deuses incas ou gregos?!

O melhor mesmo é dizer, sem medo, eu te amo, e honrá-lo pelo menos enquanto o sublime eco resistir entre aquelas abençoadas quatro paredes.

E se ela acreditar, ora, ora, manda um “eu te amo, meeeesssmmmoooo”.

Com olhinhos revirados, vamos mais fundo ainda: “Eu te amo até o fim dos tempos”.

Se ela não tá nem aí, você se vira para o piano e ordena, como no filme Casablanca, mesmo que estejam atravessando a avenida Afonso Penna em Belo Horizonte, seis horas da tarde, buzinaço, hora do ângelus: “play it again, Sam!”

E manda mais “eu te amo”, como um estribilho do vento, nas oiças da desalmada, até ela acostumar com a natureza humana do macho que veio ao mundo com um cowboy solitário que tem apenas um mantra, uma bala no coldre dos sentimentos: “eu te amo, porra”.

Monocórdico sr. das sombras cujo cardiograma é um terremoto de “eu te amos”, como um sismógrafo nervoso a riscar o mostrador da maquininha que mede os tremores demasiadamente humanos de todos os cardiologistas particulares.

Antes um “serial lover” a dizer eu te amo como um cuco desembestado a um elíptico e silencioso cabra safado que guarda os “eu te amo” para a hora do chifre - uma vez largado o vagabundo dispara “eu te amo” como em um descontrolado soluço.

Donde baixa um Esopo fabulador para deixar a moral da crônica: mais vale um “eu te amo” que entre por um ouvido e saia pelo outro do que um silêncio mortal de um homem que nunca se empolga e deixa a gazela achando que “eu te amo” é coisa só de novela e de filme americano.

Não acha? Ou você é do tipo frio que narrei lá na cumeeira da crônica? Como diz uma amiga lindamente desbocada: tem cool de legal, ok etc, e tem cool de cu é rola, o cool no sentido dessa gente siberiosamente perigosa.

P.S. Se alguém souber a autoria dessa ilustração do post, grite, por favor. Não consegui descobrir para creditá-la. Gracias, amiga  Karina Vieira, recifense que torna NY mais elegante, pela imagem.


Xico Sá é escritor e jornalista, colunista da Folha
Crônica a ser publicada na Folha de São Paulo - 06/11/2013

terça-feira, 5 de novembro de 2013

Não Existe Dia Ruim - F. Carpinejar


Arte de Fatturi

Não existe dia ruim. Sempre há chance do dia ser feliz. Mesmo que seja tarde. Mesmo que seja de madrugada. Uma gentileza salva o dia. Um bife milanesa salva o dia. Uma gola branca e engomada salva o dia. Uma emoção involuntária salva o dia.

Nunca o dia está inteiramente perdido. Não devemos acreditar que uma tristeza chama a outra, que se algo acontece de errado tudo então vai dar errado. Lei de Murphy não foi aprovada pela Câmara dos Deputados.

Confio no improviso, na casualidade, no movimento das cortinas na janela.

Até o último minuto antes da meia-noite, você pode resgatar o contentamento. É uma gargalhada do filho diante da papinha, transformando a cadeira num imenso prato. É algum amigo telefonando para confessar saudade. É sua mulher procurando beijar a orelha mandando sinais de seu desejo. É o barulho da chuva na calha, é o estardalhaço do sol na varanda. É encontrar - iniciando na tevê - um filme que adora e já assistiu cinco vezes. É oferecer colo ao seu gato. É planejar uma viagem de férias. É terminar um livro que abandonou pela metade. É ouvir sua coleção de LPs da adolescência. É comprar uma calça jeans em promoção. É adormecer no sofá e receber a coberta silenciosa de sua companhia. É a possibilidade feminina de passar um batom e pintar as unhas. É possibilidade masculina de devolver a bola quando ela sobe a cerca num jogo de crianças

A felicidade é pobre. A felicidade precisa de apenas um abraço bem feito.

Sigo esperançoso. Não coleciono tragédias. Sofro e apago. Sofro e mudo de assunto, abro espaço para palavras novas, para lembranças novas.

Vejo o esforço da abelha tentando sair do vidro, e não sou melhor do que ela. Vejo o esforço da formiga carregando uma casca de laranja, e não sou melhor do que ela. Viver é esforço e nos traz a paz de sonhar – querer não fazer nada é que cansa.

Não existe dia que não ganhe conserto. Não existe dia morto, dia de todo inútil.

Não desista da alegria somente porque ela se atrasou. Pode ter recebido esporro do chefe, ainda assim a hora está aberta. Comer um picolé de limão é capaz de restituir sua infância.

Não encerre o expediente com o escuro do céu. Pode não ter grana para pagar as contas e ter que escolher o que é menos importante para adiar, ainda assim é possível se divertir com o cachorro carregando seu chinelo para o quarto.

Quando acordo com o pé esquerdo, sou canhoto. Não existe dia derrotado.

Fabrício Carpinejar
Nesse mês, eu completo 1 ano como colaboradora do blog “Sobre a Vida”. E estou aqui empenhada escrevendo um texto em comemoração ao encerramento desse ciclo (não, não vou parar de escrever lá). Como tudo o que acontece na minha vida, o assunto do texto, que me veio num sonho, está totalmente ligado à importância de se reconhecer o valor dos movimentos desses ciclos da vida. Com os seus começos e os seus fins. Os seus picos e os seus vales.
untitled
Desse retrospecto que eu resolvi fazer pra lembrar de tudo o que eu já escrevi por lá, nasceu uma ideia. Assim, de repente, enquanto eu descansava um joelho lesionado, ela surgiu como num insight. E eu, que ando treinada em ouvir o que pede a minha alma, mais do que depressa, corri para o computador e transformei essa ideia, que tem tudo a ver com os meus sonhos, em meta. E acho que eu estou tão conectada comigo mesma, aprendi tanto com o meu processo de coach a agir, ao invés, de apenas desejar, e estou mandando tantas vibrações positivas para o Universo, que em poucas horas a meta se encorpou e tomou uma proporção gigantesca. Como ela ainda não está 100% definida, não vou conta-la agora. Mas adianto que todos vocês que me leem, que me apoiam e me incentivam, de alguma forma, são os responsáveis por essa transformação de uma ideia em algo tão bonito.
Em 24hs já aconteceram reuniões, intensas trocas de e-mails e meus neurônios já estão à todo vapor! Pessoas que eu amo e admiro muito estão super envolvidas e me ajudando a fazer a coisa toda acontecer! Enfim aguardem, que logo vem novidades por aí.
Então que, relendo todos os meus textos no “Sobre a Vida”, resolvi fazer um cronograma de todas minhas participações por lá pra compartilhar com vocês. Gosto muito de olhar para trás, para o meu passado, como forma de agradecer à ele pelo meu presente e pelas metas que estipulei para o meu futuro. Caso alguém tenha perdido alguma leitura, é só clicar em cima e ler…
Não consigo escolher o meu preferido, mas tenho um carinho especial pelos textos“Cada um no seu quadrado” e o “E se der medo? Vai com mesmo, mesmo”.
Daqui alguns dias vou viajar com a minha turma do Curso de Psicologia. Vou ver se consigo agendar alguns posts. Caso contrário, volto no final da semana que vem.
Bom final de semana!
beijos, Juliana Baron Pinheiro
Publicado em 

terça-feira, 29 de outubro de 2013

CANÇÃO DA DESPEDIDA / AI QUE SAUDADE D'OCÊ - GERALDO AZEVEDO

http://www.youtube.com/v/WIYE4jyCH2Y?version=3&autohide=1&showinfo=1&autohide=1&autoplay=1&attribution_tag=IMqEaqVw3v0GQycYM8pnpQ&feature=share


Como disse minha amiga Thalita Fernandes:
Te segura e te põe no teu lugar, coração!

O amor acaba, mas nem sempre termina

Sim, o amor acaba, é do jogo, mas muita gente se avexa, numa azáfama dos diabos, querendo se jogar do abismo ainda a léguas do despenhadeiro.
O amor acaba, mas tem sempre um “chorinho”, como do generoso garçom no nosso uísque.
O mundo anda muito impaciente com as complicações amorosas, como se fosse fácil juntar duas criaturas sob as mesmas telhas da rotina.
É preciso estar preparado(a) para as goteiras, para a hora em que o amor vaza ou pinga no chão da casa e não há balde ou rodo que dê jeito.
No que vos conto, sob a desculpa do encorajamento coletivo, afinal de contas animar a vida besta também é papel de um cronista-fabulista:
E quando imaginávamos que estava tudo acabado, que amor não mais havia, que tinha ido tudo para as cucuias, que o fogo estava morto, que o amor era apenas uma assombração do Recife Antigo.

Quando já dizíamos, a uma só voz, a crônica de Paulo Mendes Campos que repito ao infinitum:
“Às vezes o amor acaba como se fora melhor nunca ter existido; mas pode acabar com doçura e esperança; uma palavra, muda ou articulada, e acaba o amor; na verdade; o álcool; de manhã, de tarde, de noite; na floração excessiva da primavera; no abuso do verão; na dissonância do outono; no conforto do inverno; em todos os lugares o amor acaba; a qualquer hora o amor acaba; por qualquer motivo o amor acaba…”

Quando já separávamos, olhos marejados, os livros e os discos…
Quando mirávamos, no mesmo instante, a nossa foto feliz no porta-retratos…
Quando não tínhamos nem mais ânimo para as clássicas D.R´s – as mitológicas discussões de relação…
Ave, palavra, até o gato, nervoso, sem saber com quem ficaria, quebrava coisas dentro de casa àquela altura; o papagaio blasfemava, diabo verde!
Estava na cara, naquela fantástica zoologia amorosa: aqueles pombinhos já eram.
O cheiro do fim tomara todos os cômodos, a rua, o quarteirão, o bairro, a cidade, o mundo…
Quando só restava cantar uma música de fossa… “Aquela aliança você pode empenhar ou derreter…”
Quando só restava a impressão de que eu já vou tarde…
Quando só restava Leonardo Cohen no iphone da moça moderna…
Quando eu não era mais o cara, embora insistisse em cantar o “I´m your man” deste mesmo trovador canadense…
Sim, o quadro era triste, não se tratava de hipérbole ou demão de tintas gregas.
De tanta inércia, faltava até força para que houvesse a separação física, faltava força para arrumar as malas, pegar as escovas, contar aos chegados comuns, tomar um porre.
Ah, amigo, quer saber quem bateu o ponto final da história?
Ela, claro, você acha que homem tem coragem para acabar qualquer coisa? Mulher é ponto final; homem ponto e vírgula, reticências, atalhos, barrigas de palavras, verbos e orações.
O estranho é que ela não disse, em nenhum momento, que não gostava mais do pobre mancebo.
Aquilo encucava. Porque um homem,  disse o velho Antonio Maria, padrinho sentimental deste cronista, nunca se conforma em separar-se sem ouvir bem direitinho, no mínimo quinhentas vezes, que a mulher não gosta mais dele, por que e por causa de quem etc etc, a longuíssima milonga do adiós.
E nesse clima de fim sem fim as folhinhas outonais do calendário foram despencando sobre a relva fresca do desgosto.
Eu acabara de levantar do amigo sofá, que havia se transformado no meu leito, quando ela passou com uma cara de impaciência e desassossego. Mais que isso: ela estava com vontade de matar gente!
Era a cara que fazia quando estava faminta. Sabe mulher que fica louca quando a fome aperta e a angústia da existência vocifera pelos barulhos do estômago?
Vi aquela cena e caí na gargalhada. A princípio ela estranhou… Mas sacou tudo e danou-se a morrer de rir igualmente. Nos abraçamos e rimos e rimos e rimos e rimos daquilo tudo, rimos da nossa fraqueza em não dar uns nós nos clichês, inclusive o da volta por cima, rimos do nosso silêncio sem sentido, rimos desses casais que se separam logo na primeira crise, rimos da falta de forças para enfrentar os maus bocados, rimos, rimos, rimos.
Rimos da preguiça sentimental da humanidade e nos esbagaçamos de amor no chão da sala mesmo.
E um casal que ainda ri junto tem muita lenha verde para gastar na vida e fazer cuscuz com carneiro e outros banquetes nada platônicos movidos a bagaceiras, alentejanos sagrados e salineiras aguardentes.
Agora ela está deitada, linda, cheirosa, gostosa, psiu!, silêncio, ela dorme enquanto escrevo essa crônica!

Xico Sá é escritor e jornalista, colunista da Folha
Crônica a ser publicada na Folha de São Paulo - 30/10/2013

segunda-feira, 28 de outubro de 2013

Reminiscências (*) 17


Meu amor me tirou do chão
Me senti além do horizonte
Tudo o que queria era viajar contigo
Mas acho que preciso dar um tempo

Entender que não te quero mais... Não!!!
Acreditar que não me querem mais... Sim!!!

Eu só queria um amor de verdade
Eu só queria amar de verdade
Eu só quero a outra metade
Do meu coração que um dia tu roubou
Por favor!!! Quero ele de volta...

Saibas que a delícia de estar contigo
Ainda fazem a minha cabeça
Mas não quero mais ficar
Com os olhos avermelhados.
Vou tentar te esquecer
Antes que eu me esqueça!!!
18.10.13 às 17:30h



Não te assuste!!! 
O pior já passou... e saímos ilesos... 
Com a alma em pedaços, mas fisicamente ilesos. 
Sobrevivi silencioso aos gritos que a tua ausência me fez ouvir.
24.10.13 às 1:35h



Às vezes penso que insisto                           
Porque não sei desistir                                  
Mas imediatamente sei por que invisto
Pois só de pensar nela começo a sorrir
E é nessa felicidade que eu reconquisto
Esperando que a mesma volte a surgir.

De qualquer tristeza e saudade                     
Não poderia nunca reclamar
Pois se curti a felicidade
Deveria agradecer com o teu chegar
E que tudo isso foi mesmo verdade
Ainda que não pudesses ficar.

Dormir debruçado sobre a mesa
Acompanhado de um choro silencioso
Mas é só valorizando a tristeza
E aprender a ser paciencioso
Ouvindo algum disco da Bossa
Sofrendo e curtindo uma fossa.
28.10.13 às 20:35h



(*) Segundo Platão, "lembrança do que a alma contemplou em uma vida anterior, quando, ao lado dos deuses, tinha a visão direta das idéias."