Chiesa di San Rocco - Vicenza
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estória se repete. A tradição continua. 121 anos atrás, um jovem enfrentava a imensidão
do oceano em direção ao desconhecido, a procura de novos caminhos, assim como outros
milhares de italianos esperançosos em busca de novos ideais.
Com sua bagagem, levou sua tradição, seu
amor pela terra e a vontade de descobrir novos horizontes.
Comecei com a pesquisa sobre a origem de
meu antepassado, recompensada muito bem com o encontro de seu documento de um
«Registro de Roda» de uma igreja (fora abandonado num instituto de Vicenza);
ele partira sem qualquer documento que pudesse identificá-lo.
Meu bisavô tinha dezessete anos quando
chegou ao Brasil em julho de 1888 no vapor “Europa”. Regularizou sua situação
como estrangeiro em 1894, quando lhe enviaram da Itália a sua documentação.
Na realidade, o documento que lhe foi enviado da Itália, redigido em Vicenza em 9 de julho de 1891, foi endereçado da seguinte forma:
Na realidade, o documento que lhe foi enviado da Itália, redigido em Vicenza em 9 de julho de 1891, foi endereçado da seguinte forma:
... e, ainda que
o endereço não fosse muito exato, o documento chegou ao seu destino (quase três
anos depois).
Certificado de Nacionalidade do
Vô Florindo (e envelope)
Não obstante tenha o mesmo vindo para o Brasil
irregularmente, para não dizer clandestinamente, o mesmo não ocorreu com aquela
que seria sua futura esposa (Vó Délia), também proveniente da Itália.
A “Vó” Délia (ELISA SERAFINA ADELINA GOBBI)
veio com a família (pais e irmãos) para o Brasil em 1888, no mesmo navio. Tinha
sete anos e mesmo que a navegação tivesse durado vinte e três dias, meus
bisavós somente se conheceram em Porto Alegre, vários anos depois.
Passaporte dos meus antepassados
Casaram-se e tiveram um casal de crianças, dentre
eles, o meu Vô ARMANDO NICOTTI (pai de meu pai, CLÁUDIO ARMANDO DA SILVA NICOTTI).
Transcorridos três gerações, eu, um de seus
únicos descendentes, retornei a sua terra natal, atravessando aquele mesmo
oceano, na época em vinte e três dias em navios a vapor, hoje em dez horas com moderníssimos
aviões — também à procura de uma experiência de vida.
Dando
continuidade ao sobrenome NICOTTI¹,
mas tomando a direção contrária daquela seguida pelos meus bisavós (Itália - Brasil), concebi meu filho (PIER
CLAUDIO MICHELON NICOTTI) na terra natal de meu antepassado.
A primeira "Foto" de meu filho - Pier Cláudio, com 17mm (1,7cm).
Vinte e três anos atrás, me encontrava em Casnate
con Bernate (Como), uma localidade similar à Brêndola (Vicenza) ou Roncoferraro
(Mantova) onde meus antepassados habitavam, ou seja, mesmos costumes, mesma
gastronomia, mesmo modo de vida na qual viveram e que trouxeram ao Brasil. Senti-me
completamente satisfeito porque além de ter encontrado aquilo que procurava,
encontrei também, verdadeiros amigos.
Passado um século, acredito ter sentido aquilo
que meu bisavô teria sentido se tivesse retornado à Itália:
SENTI-ME EM CASA.
CURIOSIDADES QUANTO AO SOBRENOME
Com a pesquisa da origem de minha família
no Arquivo de Estado, trouxeram-me três grandes livros. Cada ano correspondia a
cada letra (letra “L” = 1869; “M” = 1870 e “N” = 1871).
1871 foi o último ano que a “roda” foi
utilizada.
Após ser introduzido na “Roda” que girada
acionava um pequeno sino, o nenê era registrado em um livro pelo padre que
designava o nome e sobrenome, observando algumas características (NASOTI,
relativo ao nariz, NEVATI, relativo ao clima ou cor, etc.).
Mas o que o ele quis dizer com
NICOTTI??
Abaixo seguem os sinônimos que
encontrei, já que a palavra Nicotina como substância química do cigarro (fumo),
fui forçado a descartar por tratar-se de um recém nascido:
NICOCIANA:
nicoziana
(antigo nome da planta do tabaco)
NICOTINA: (adj.) soporífero
SOPOR: sopore, assopimento, sonnolenza
SOPORATIVO: atto
ad addormentare
(fig.)
noioso, fastidioso
MODORRA: sonnolenza
da malati
sonno profondo
malattia negli ovini
(fig.)
stùpido, ottuso
SOPORE: sopor, modorra
¹ O sobrenome Nicotti foi “inventado”, ou seja, foi atribuído ao
meu bisavô pelo padre da Igreja San Rocco no Ospizio Infanti Abbandonati Vicenza quando o “esqueceram” na Roda daquela Instituição.
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