Sem Internet, sem TV, sem telefone... Sem problema.
Se você
comemora quando a bateria do celular acaba, cheira as páginas dos livros com
romantismo e inclusive começa a olhar o micro-ondas com certa ressalva, talvez
você precise de um descanso digital e um pouco de prazer na vida tradicional.
A evolução tecnológica está tão implantada na vida cotidiana que
permite a substituição de tarefas entediantes por coisas mais simples e mais
ágeis. As vantagens da mensagem eletrônica e instantânea, da internet em geral
e dos chips instalados em inúmeras ferramentas à nossa volta são inegáveis.
Mas se ao entrar na sua cozinha você se lembra de 2001: Uma odisseia no espaço e anseia
recuperar o controle sobre seu entorno, chegou a hora de regressar à vida
analógica e prestar uma pequena homenagem a ela. Até que ponto o mundo digital
ajuda você e desde quando ele assumiu essa parcela de sua vida em que reinavam
a liberdade e o gosto por fazer as pequenas coisas?
1.
Leia, viaje com a mente, mas de verdade.
Não deixe ninguém guiar
por você. A televisão, o computador e o celular podem oferecer conteúdos
emocionantes, mas deixam pouca margem para sua imaginação. Recupere o livro, o
quadrinho, convide-se a recriar o que lê, construir ambientes, retratos, vozes
e rostos.
Seja seu próprio
motorista na viagem. Com certeza você se lembra de um filme baseado em um
romance que tinha lido e... não era o mesmo. Sua história sempre foi melhor e a produção ignorou vários detalhes que
em sua versão eram mais ricos.
2.
Desenhe, escreva, modele.
Seja livre em suas
criações. É possível que em alguns momentos você sinta a necessidade de usar as
mãos. Claro. Toda essa superfície de
pele que nos cobre pode ser uma varinha mágica. Você já tocou a argila e
tentou modelar alguma coisa? O cursor é muito limitado. Manche-se, amasse,
deixe seus dedos aproveitarem.
Afunde a mão na tinta,
aperte um punhado de barro, deixe o giz de cera fluir sozinho. Embora o
desenho, como o exercício físico, seja retroalimentado com a prática, não é
necessário ser um artista. A magia é se
deixar levar, curtir, recriar ideias espontâneas e tocar, tocar coisas, usar
cores, organizar palavras manuscritas e encontrar a música que só você sabe.
O mouse do computador é um instrumento tão restrito se o comparamos com suas
mãos....
3.
Corra, dance, caminhe, faça ioga, plante bananeira, suba uma montanha.
Patine, caminhe no
parque. Seus pés não merecem menos que suas mãos – e movem o resto do seu
corpo. Desfrute deles. Mexa-se e crie seu próprio videogame. Implique-se. A
realidade virtual é muito real, mas o real é sempre muito mais autêntico. Fazer
a compra via internet pode ser muito prático, mas apertar um abacate para
escolher o ponto de maturidade não tem preço.
Utilize a versão
on-line para o inevitável, quando o tempo é insuficiente. Aproveite uma
caminhada entre as lojas para escolher o produto mais apetitoso, envolva-se nos
cheiros da fruta fresca e na conversa alegre com o açougueiro.
"A
realidade virtual é muito real, mas o real é sempre muito mais autêntico”.
4.
Cozinhe e coma. Pare de fotografar a comida.
Pratique um
relacionamento íntimo com os alimentos, mais além de publicá-los. É uma
satisfação e energia para seu corpo e mente, e uma forma extra de criatividade.
Você realmente se importa com o que os outros comem? Seria interessante
analisar o porquê.
Uma refeição saudável e
saborosa só pode ser melhorada com o ambiente certo na companhia das pessoas
que sempre desejamos por perto. Saboreie, mastigue e prolongue esse momento no
tempo. Uma foto nunca irá capturar essa
essência.
5.
Vigie seu clone digital de perto.
Atenção às redes
sociais. Elas são boas para recuperar amizades, para se conectar com elas, para
compartilhar momentos. Mas o melhor sempre é usá-las para facilitar esses
momentos ao vivo e em cores, relacionar-se pessoalmente, conversar. Apresente
seus amigos, saia para jantar, recomende o que você gosta, faça compras em
grupo... E perca-se, por favor, andando e dirigindo.
Não é necessário seguir
sempre o caminho traçado. Você vai descobrir novos lugares, vai fazer esporte,
vai sentir a liberdade. Desligue o GPS do seu celular. Não é necessário que todos saibam onde você está em cada momento.
Quando pensamos bem sobre isso, encontramos mais vantagens do que
inconvenientes.
6.
E se tiver desconectado completamente.
Se sua vida avança rumo
ao passado, é provável que você tenha superado o famoso FOMO (Fear Of Missing
Out) para sempre. Esse medo da exclusão por estar desatualizado, de modo que
devemos nos conectar para não sofrer, terá ido parar em um lugar distante da
preocupação cotidiana. Na verdade, a evolução do FOMO é o POMO (Pleasure Of
Missing Out). A evolução digital quis recompensar com um nome esse prazer que
sentimos ao permanecer deitado no sofá de casa quando você “deveria” estar em
um evento social. Ou fazer biscoitos quando “deveria” estar na internet vendo o
que e onde seu chefe comeu.
É o triunfo da vida
privada, da pantufa e do eu com bolhas na banheira que olha com satisfação o
celular desligado. O sucesso dos muffins preparados em família, com o tablet
bem guardado na gaveta. É a jardinagem noturna, enquanto seu vizinho vende
roupas na internet, o dia na piscina sem celular, não ter conexão no meio do
mato.
Quando o homem domina a máquina, e não o contrário, a
tecnologia é apenas uma ferramenta a serviço da necessidade. A virtude da revolução digital é sua
capacidade de se integrar no cotidiano sem destruir a magia de ser humano.
Publicado no site https://thedailyprosper.com
em 13.06.2018