Atestado passado por um pediatra ressaltando as fases da criança e a importância do relacionamento pai x filho:
"ATESTO,
por me haver sido verbalmente solicitado, que o menino Fulano de Tal, de cinco
(5) anos de idade, é meu cliente desde o seu nascimento, bem como são meus
clientes também suas duas irmãs, há mais de quinze (15) anos. O menino, nessa
idade, está entrando numa fase importante de sua vida, no que diz respeito ao
seu desenvolvimento afetivo. Esse desenvolvimento do ser humano passa por
diversas fases, caracterizada por uma instância psicológica chamada Objeto Primário
de Amor (OPA) que se refere à tendência afetiva básica da criança. Desde o
nascimento e até os dois anos e meio (30 meses), a criança, seja menino ou
menina, tem na mãe o objeto principal de seu amor, o que é fundamental para a
estruturação de sua personalidade humana. A fase seguinte vai dos dois anos e
meio (30 meses) aos cinco e meio anos de idade (5 ½), quando o Objeto Primário
de Amor do menino é a mãe, mas não vista como mãe, mas como mulher. Ele vê no
pai um rival. A finalidade desta fase é ser um ensaio de amor heterossexual. A
fase que segue vai dos cinco e meio anos aos nove ou 10 (dez) anos de idade,
quando o menino tem no pai o seu principal objeto de amor, sua tendência
afetiva básica recai sobre a figura de seu pai. Nesta fase, o OPA da menina
recai sobre sua mãe. Há uma intensa e necessária identificação do menino com
seu pai. O menino se deslumbra diante de seu pai. E torna-se seu amigo
incondicional, introjetando e imitando todas as suas atitudes. Introjeta, para
gravar no seu inconsciente, imagens de ser homem. Imagens de ser homem esposo,
de ser homem de trabalho ou não, de homem pai, de ser homem que não leva
desaforo para casa, de ser homem de bom humor, ou de mau humor, etc. Todos os
jeitos de ser homem, com isso moldando, dando um rumo ao seu próprio caráter e
sua personalidade. Na fase subsequente, que vai dos nove (9) anos aos treze
(13), quatorze (14) anos de idade, o Objeto Primário de Amor não é mais o pai
ou a mãe. É o grupo. De início, essa sua tendência básica afetiva é para o
grupo de meninos e mais adiante se volta para elementos do sexo oposto, as
meninas. Estamos ressaltando a terceira fase descrita acima e que vai dos cinco
e meio aos nove anos de idade, e durante o qual o seu relacionamento com seu
pai assume uma fundamental importância. Esse relacionamento não pode ser
prejudicado na sua continuidade, nem na sua qualidade, sob pena de prejuízos no
desenvolvimento de sua vida afetiva, prejuízo esse que poderá se refletir na
qualidade de vida, quando adulto. Por outro lado, na longa convivência com essa
família, nós ficamos com uma impressão muito definida, a respeito do pai do
menino em questão, no sentido de que se trata de pessoa correta, honesta, limpa
nos seus negócios e nos seus demais relacionamentos, que tem demonstrado
responsabilidade e desejo de ser correto e justo o melhor possível. Além disso,
dedica-se, já há vários meses, em sessões semanais, em discutir e aperfeiçoar
seus comportamentos, bem como dar um embasamento ao manejo o mais adequado
possível às crianças, particularmente em seu filho, para este possa elaborar e
compensar os sofrimentos por que está passando, e para que, por outro lado,
seja melhor ajudado a desenvolver todas as suas potencialidades.
Porto Alegre, 30 de
agosto de 1990."