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sexta-feira, 25 de agosto de 2023

Relacionamento x Pornografia


Trago aqui um assunto muito controverso e analisado pelo poeta/cronista Fabrício Carpinejar há alguns anos, respondendo uma situação levantada por uma leitora, publicado no Caderno Donna  e que abaixo transcrevo:

Namoro há mais de dois anos e ultimamente ele anda vendo bastante pornografia no computador. Isso me incomoda e já conversei, mas parece que ele não se importa. Fico pensando que ele não gosta mais de mim. O que devo fazer: deixar assim e pensar que todo homem faz isso ou terminar? Muito obrigada pela atenção. Beijo. Joelma”

Querida Joelma.

Não vejo nenhum problema no namorado olhar pornografia. Todo homem olha. Eu olho, e o hábito não me torna menos poeta.

A pornografia representa a escola masculina da sedução: a porta de acesso na adolescência para capturar a dinâmica do sexo, a ópera da malandragem e evitar fiascos por desinformação.

É natural na vida do homem como editorial de moda em revistas femininas. Faz parte da nossa solidão e da nossa curiosidade.

Você vem tratando o assunto como um crime, um atentado violento ao pudor. Não há sentido para tamanha seriedade e culpa.

Diante do filme pornô, quem diz que ele não imagina que lhe satisfaz na tela? Sim, absolutamente, seu namorado deve projetar vocês nas performances dos protagonistas. Nem é uma infidelidade ou ou vontade de se relacionar com uma atriz específica – é uma transposição do que ele vive mais corriqueiramente.

O material pornô é um facilitador da intimidade, não é para ser levado ao pé da letra. Sua censura acabará atrapalhando a confidência e a liberdade de expressão do namorado, que não deixará de ver ou consultar os sites, mas passará a fazer escondido e torcerá para ficar menos tempo ao seu lado.

O tabu da pornografia é o mesmo da masturbação no casamento. Persiste a mentalidade de que numa relação fixa as pessoas não podem se masturbar, que é falta de interesse ou isolamento. Pois é o contrário; quanto melhor o sexo, maior o desejo de se masturbar. Masturbação não é uma suplência do sexo. Ambas as opções coexistem em casais saudáveis. Vamos desfazer, portanto, mal-entendidos sobre o tema.

Não significa que você não sacia os gostos e as fantasias dele.

                        Não significa que ele está entediado e que procura diversificar a oferta.

Não significa que ele está carente, disposto a qualquer coisa.

Não significa que ele é um criminoso sexual em potencial.

Não significa que ele contrata serviços de acompanhante.

Não significa que ele será menos romântico na rotina a dois.

Não significa que irá exigir poses e acrobacias comprometedoras.

Não significa que ele está interessado em outras ou que está a um passo de trair.

Você está temerosa à toa. Pornografia não é uma concorrente, mas uma auxiliar do desejo.”

Publicado no Jornal Zero Hora
de 06 de janeiro de 2013.