CONDOMÍNIO EDIFÍCIO
PARQUE CARLOS GOMES
Circular 01/89
POR FAVOR: ANTES DE
JOGAR AO LIXO, LEIA!!!
Senhores condôminos e moradores:
A
presente circular, a qual espera seja lida antes de ser jogada ao lixo, serve
para levar ao conhecimento de todos a real situação do Condomínio quanto à
disciplina e, principalmente, a conservação dos prédios e áreas comuns.
Por
exemplo: há um jovem ou uma jovem que utiliza-se dos elevadores do Edifício
Peri que, invariável e diariamente, dá uma robusta e bem nutrida escarrada na
porta interna dos elevadores. E fica aquele manancial de saliva e catarro
escorrendo pela porta! Pode ser desagradável ler esta descrição, mas imaginem
então, quão insuportável é viajar no elevador com aquele imenso catarro nos
espreitando! E diz-se que é um jovem, pois os adultos, pelo menos os
conhecidos, ainda não demonstraram índices de debilidade mental suficiente para
serem enquadrados como escarradores!
Sabe-se,
contudo, que é um jovem de mais ou menos 1,80 m de altura, dada a localização
da cuspida na parte superior das portas. Seus familiares, no entanto, devem
saber de quem se trata, pois é certo que a cozinha, sala e banheiros de sua
residência devem estar permanentemente sujos e cuspidos.
Por
outro lado, dá-se enfoque e realce às seguintes infrações, pinçadas de um
elenco fantástico de outras que aqui seriam impossíveis de relatar:
* às 00,20 horas do dia 11.03.1989, os
estimados e futurosos jovens Vladimir e Luciano (206), dois jovens do 801, o
Luciano (301), Marcelo (1408), Guilherme (1101), “Braguinha” (203), Moacir
(408), Sandro (201) e Gabriel (907), além de promoverem grossa algazarra nos
corredores, resolveram apagar as luzes da parte térrea e salas de estar. Antes,
porém, barraram os corredores com bancos na parte térrea alcançados pelo
Vladimir (206) para o “grandalhão” do 801 (exatamente assim narrado no registro
de ocorrência feito pela guarda). Posteriormente, reuniram-se na parte traseira
do Edifício Guarany onde promoveram novas algazarras, o que levou vários condôminos
a solicitar providências à Portaria.
* às 23,10 horas do dia 07.03.1989, um
bando composto pelo Vladimir e Luciano (206), os três (?) jovens do 801, e mais
o Marcos (1404), Guilherme (1101), Gabriel (907), Vinícius (605) e Moacir
(408), colocaram um rojão ou qualquer outro artefato explosivo dentro de uma
cigarreira no corredor que liga a garage subterrânea ao Edifício Peri. O
estouro foi fantástico e, pelas reclamações recebidas por telefone pelo Síndico
e pelo interfone, na Portaria, cerca de 50 criancinhas de menos de 3 anos de
idade devem ter acordado simultaneamente. Houve condôminos que suspeitaram da
explosão dos depósitos de gás. A cigarreira foi encontrada morta no andar
térreo mas nenhum dos rapazes, ao que se saiba, sofreu qualquer arranhão ou
queimadura!
Embora a hipótese em exame
possa caracterizar, segundo alguns, a formação de quadrilha, na realidade não
foi apurado qual o responsável ou responsáveis pelo atentado terrosrista, nada
foi possível apurar entre os supracitados, pois, a exemplo do que ocorre no
Presídio Central, em Charqueadas ou na “Tio Patinhas”, imperou a “lei do
silêncio” e ninguém viu ou, pasmem, ouviu algo!
* às 02,00 horas do dia 28.02.1989, o
Márcio e o Vladimir resolveram apagar as luzes das salas de estar e adjacências
do Edifício Peri, pois, ao que parece, preferiam conversar às escuras em local
que sabidamente, é vedado para reuniões!
* crianças não identificadas arrancaram as torneiras das pias
da churrasqueira. Espera-se, fervorosamente, que não carreguem o “freezer”,
bancos, mesas, etc.
* foi encontrada uma calcinha, marca
HOPE, cor amarela, em bom estado de conservação, tamanho 40 ao que parece, na
casa de força do Edifício Peri. A porta foi arrombada e é de ferro, sendo tal
ato praticado provavelmente por um homem, e forte! Outra calcinha, da mesma marca,
tamanho e estado de conservação, mas de cor rosa, foi encontrada junto à mesa
de massagens da sauna, cuja mesa é forrada e confortável. Os locais são
realmente insólitos para o esquecimento de calcinhas, mas no caso da calcinha
esquecida na casa de força do Edifício Peri, alerta-se à proprietária que deve
cuidar-se para não encostar-se por descuido e inadvertidamente, num campo de
força ou fio desencapado, pois poderá ser lançada ao espaço, ainda que não
tenha vocação para astronauta. Diga-se, en
passant, que a janela da sauna, que é de ferro, também foi quebrada, o que
pressupõe uma jovem muito forte ou a presença de um rapaz para o arrombamento!
* além das gritarias noturnas habituais
(que, via de regra, obriga o Síndico a sair da cama e descer para inteirar-se
do que provoca tanto histerismo, geralmente entre as 23 horas de um dia às 3
horas do dia seguinte), estamos agora às voltas com os “skates” que, desprezado
o barulho produzido pelas rodas, têm o condão de quebrar as lajotas dos
corredores. Estima-se que cerca de 500 lajotas deverão ser substituídas, mas
certamente as 104 economias deste condomínio pagarão sorrindo as despesas
extras que será devidamente rateada. O mesmo se diga com relação às torneiras,
lâmpadas, etc.
Nota-se, portanto, por este
singelo e resumidíssimo relato, que muitos pais neste condomínio estão se
omitindo no cuidado devido aos filhos e, consequentemente, no respeito devido
aos vizinhos. Pouco importa ao Síndico que esta ausência de cuidados possa
refletir-se negativamente no futuro dos mesmos, pois já criou seus próprios
filhos (neste prédio) e nada tem a ver com a vida dos outros. Mas do desleixo
dos pais e da indisciplina e vandalismo dos filhos brotam, como diria o Presidente
Geisel, a lenta, gradual e segura deterioração dos prédios e áreas comuns, verbi gratia: os móveis das salas de
estar, recém reformados, já estão danificados; lâmpadas e suportes são
arrancados e jogados fora, etc. etc. etc.
Mais detalhes serão
fornecidos na próxima Circular onde também serão devidamente identificadas as
jovens que estão fazendo parte da nossa “turminha da noite”.
Por derradeiro, apenas um
lembrete bem apropriado. Perguntem ao ilustre condômino Dr. Boschi, expert na matéria, quais foram ou teriam
sido os primeiros passos da tristemente célebre “Gang” da Praça da Matriz!
A
Administração.
Texto de autoria de Cláudio Armando da Silva Nicotti
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