Quando sua esposa apareceu em casa, fui elogiar:
- Seu marido é um autêntico chef italiano. Cozinhou uma massa e tanto.
Adivinha o que ela respondeu?
- Assim é fácil, qualquer um faz, ele usou molho pronto.
Em vez de comemorar o capricho do marido, ela desdenhou. Ela subestimou. Ela colocou o sujeito para baixo. Ela diminuiu a importância do ato.
De repente, nem percebemos o quanto rebaixamos quem a gente ama.
Pelo pretexto da sinceridade. Pelo pretexto da espontaneidade.
É um desejo de desmascarar totalmente dispensável, é um desejo de ser mais verdadeiro do que a verdade totalmente desnecessário.
A pessoa se esforça em ser gentil e agradar e não respeitamos a tentativa, não reconhecemos a intenção.
Temos que avacalhar, mostrar que o outro não é perfeito, expor fraquezas publicamente, entregar os defeitos. Para quê?
Devia ser o contrário. Os casais deviam se proteger, deviam se cuidar, deviam se unir pelas virtudes.
Os casais deviam se incentivar, se elogiar, se respeitar.
Acordar e escolher algo bom a ser dito, algo bom a ser sublinhado. Não alimentar o rancor já no café da manhã.
O mundo do trabalho já é tão cheio de crítica, o mundo do trabalho já é tão perverso, não é justo maltratar nossa família.
F. Carpinejar
Publicado no jornal Zero Hora
Coluna semanal, p. 2, 16/07/2013
Porto Alegre (RS), Edição N° 17493