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quarta-feira, 3 de novembro de 2021

Correio do Povo - 110 anos 01

 


No início, eu não vi nenhum negro no futebol, porque eles estavam proibidos de jogar. E também não vi mulheres nos esportes, porque elas não podiam competir. Mas isso foi só no início.


Em seguida, eu vi um operário alemão fundar o time mais antigo do país, o Sport Clube Rio Grande, e fazer ele mesmo as preleções para a equipe. Em alemão.


Eu vi o Grêmio, de camiseta grená, vencer o Internacional por 10 x 0 no primeiro Gre-Nal. E depois vi o Inter ganhar de 6 x 2 do Grêmio na inauguração do Olímpico.


Nas Olimpíadas de Berlim, eu vi um negro estragar a festa dos arianos e se consagrar o maior atleta daqueles tempos.


Eu vi 200 mil pessoas chorando no Maracanã quando o Uruguai venceu o Brasil de virada. E, quando o rolo compressor do Inter amassou por seis anos o orgulho dos gremistas, eu também vi.


Eu vi o Brasil campeão, bi, tri. Vi gol de cabeça, de bicicleta, de placa, até gol de plano inclinado no Estádio dos Eucaliptos eu vi.


E vi Pelé fazer mil gols.


Vi Cassius Clay virar Muhammad Ali e perder o título de campeão mundial de pesos pesados porque não foi para a guerra.


Vi a taça Jules Rimet ser derretida, um boxeador arrancar a orelha do outro, o brasileiro mais rápido da história terminar uma época inteira em uma curva.


Eu vi o Penta que nenhum outro país levou para casa. E ainda vou ver muito mais.


Eu já vi muito. Mas não vi tudo.




Todas as glórias, as lendas, as derrotas, as vitórias, as alegrias do esporte, o Correio do Povo viu. Abrir o Correio é como abrir uma página da história. Do esporte e do mundo.




Editorial do CP em comemoração aos 110 anos do jornal

Edição de 5 de outubro de 2005.


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