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sexta-feira, 8 de outubro de 2021

Elis Regina e Adoniran Barbosa - Tiro ao Álvaro


Adoniran Barbosa usava em suas canções o jeito coloquial de falar dos paulistanos. Não querendo problemas com a censura, em 1973 o artista decidiu lançar um álbum com várias canções já gravadas na década de cinquenta.

Inesperadamente, cinco das suas canções foram vetadas, mesmo não sendo inéditas. Diante da linguagem coloquial de “Samba do Arnesto” (Adoniran Barbosa – Alocin), que trazia nos seus versos “O Arnesto nos convidou prum samba/ Ele mora no Brás/ Nóis fumo/ Num encontremo ninguém/ Fiquemo cuma baita duma réiva/ Da outra veiz nóis num vai mais (Nóis num semo tatu)”, o censor só liberaria a música se ele regravasse cantando assim: “Ficamos com um baita de uma raiva/ Em outra vez nós não vamos mais (Nós não somos tatus)”. Na letra da música “Tiro ao Álvaro” (Adoniran Barbosa – Oswaldo Moles), a censora faz um círculo nas palavras "tauba", "revorve" e "artormove", concluindo que a "falta de gosto impede a liberação da letra".


Para que pudessem ser aprovadas, “Samba do Arnesto” e “Tiro ao Álvaro”, teriam que virar “Samba do Ernesto” e “Tiro ao Alvo”. Tiveram o mesmo destino "Já fui uma brasa" (Adoniran Barbosa Marcos César), “Eu também um dia fui uma brasa. E acendi muita lenha no fogão" e "O Casamento do Moacir" (Adoniran Barbosa - Oswaldo Moles), "A turma da favela, convidaram-nos para irmos assistir p casamento da Gabriela com o Moacir". "O Casamento do Moacir” foi considerada de “péssimo gosto” pela censora Eugênia Costa Rodrigues.

Diante da censura, Adoniran Barbosa não mudou a sua obra, deixou para gravar as músicas mais tarde, quando a burrice já tivesse passado.

Publicado em 20 de janeiro de 2018.

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